SUMÁRIO
NTRODUÇÃO ............................................................................... 03
CAPÍTULO I
A Mitologia do Preconceito Lingüístico: mitos .................. 05
CAPÍTILO II
Círculo Vicioso do Preconceito Lingüístico ...................... 06
CAPÍTULO III
Desconstrução do Preconceito Lingüístico ..................... 08
CONCIDERAÇÕES FINAIS .......................................................... 10
REFERÊNCIAS ............................................................................ 11
INTRODUÇÃO
O autor Marcos Bagno faz uma defesa apaixonada da língua portuguesa falada pelo povo brasileiro. Critica de forma indecisa os mitos inseridos na sociedade que contribuem para o preconceito lingüístico. Faz uma análise critica de cada um dos mitos, c hegando a conclusão de que eles não possuem fundamento racional e nenhuma justificativa. São na realidade resultado da ignorância ideológica que contribui muito para que o preconceito lingüístico aumente ainda mais . O autor diz que os jornais, televisões e outros meios de comunicação que divulgam a todo momento qual a maneira “ certa” e “errada” de falar contribuindo assim com o preconceito. O autor defende o emprego da língua viva e verdadeiramente falada no Brasil . Para ele o português culto só serve para esconder preconceitos e acaba por tornar-se instrumento de exclusão social . O autor diz que os professores não deveriam abandonar o ensinamento da língua norma (padrão), deveriam trata-la não como método de imposição e sim de maneira critica atentando sobre as contradições e inadequações , abrindo possibilidades de estudo para as demais variações .
Essas variações da língua falada no Brasil deveriam ser analisadas e inseridas na gramática normativa para que pudessem ser estudadas e explicadas para a sociedade brasileira destacando seu real valor social para o português brasileiro.
Resumo
CAPÍTULO I
A Mitologia do Preconceito Lingüístico: mitos
As forma como muitas pessoas às vezes pronuncia de certas palavras e nessa pronúncia acabam trocando o L por o R nos encontros consonantais e isso tem levado a muitos acharem que essas pessoas que falam desta forma não tem instrução escolar nenhuma ou mesmo, são pessoas com “atraso mental” e esse tipo de pensamento não deve ser aceito. Cientificamente essa pronuncia não é sinônimo de atraso mental e sim um fenômeno fonético que até mesmo contribuiu para a formação da língua portuguesa padrão. Do ponto de vista exclusivamente lingüístico, o fenômeno que existe no português não-padrão é o mesmo que aconteceu na historia do português-padrão e este fenômeno recebe o nome técnico de rotacismo, e este participou da formação da língua portuguesa padrão, e ele continua vivo e atuante no português não-padrão atual. Trata-se aqui dos brasileiros que falam na verdade uma variedade não-padrão. Essa pronúncia deve ser aceita pela escola, como uma variante lingüística dos “brasileiros falantes das variedades não-padrão”, a “classe social, marginalizada, que não tem acesso à educação formal e aos bens culturais da elite”.
Podemos perceber, entretanto, que o preconceito citado aqui não é lingüístico na essência, mas, sim, preconceito de culturas. E o que acontece é que muitas vezes o preconceito lingüístico torna-se um preconceito social. Assim como existe o preconceito pela fala de determinadas classes sociais o mesmo ocorre com. determinadas regiões, como o nordeste que é bastante ridicularizada. Como no caso
dos nordestinos que aparecem em novelas como grotescos, atrasado, que são criados para provocar riso e deboche por parte dos outros personagens, afinal, se o nordeste é atrasado e pobre conseqüentemente as pessoas que nasceram lá também serão, e isso não é verdadeiro.
É preciso respeitar a língua falada que muitas vezes não é idêntica à língua escrita, e que o grande problema se encontra na situação social que se encontra o Brasil, de injustiças, exclusões, desigualdades. Que o problema é político e só a mudança social pode resolver . No texto Marcos Bagno trata da inexistência ou mito (como ele mesmo o chama) da “ passiva sintética ou passiva pronominal”. Segundo as gramáticas normativistas a estrutura passiva no português do Brasil, se dá em orações com verbo ser (raramente: estar, ficar, vir, etc..) seguido de um particípio passado, assim chamada de passiva analítica.
CAPÍTULO II
Circulo Vicioso do Preconceito Lingüístico
O tratamento da língua como um todo hoje em dia é demasiadamente proporcional ao mundo em que vive-se. Uma língua é caracterizada pela sua forma de comunicação e interação social existente desde o princípio de sua utilização como comunicação verbal independentemente da forma como a fala foi ou é colocada. A distinção entre fala e língua se dá com a diferenciação entre linguagem formal e não-formal. A linguagem formal é aquela usada em ocasiões que necessite-se o uso da norma culta; a linguagem não-formal é aquela que
é usada em ocasiões que são desnecessárias o uso de determinadas formalidades. Mas isso tudo não torna desigual a língua em que falamos: o Português.
A língua portuguesa diferencia, como as demais línguas, a fala da escrita. No entanto, não pode-se dizer que uma pessoa analfabeta não sabe o português, pois se não o soubesse não falaria fluentemente esta língua. Um analfabeto não conhece a escrita portuguesa, e não a língua portuguesa. Mas há de se considerar que esta pessoa conhece apenas uma parte da língua que fala, o que o prejudica em parte no seu convívio com a comunidade. E este é um mau que a sociedade deve quebrar porque se continuar a existir analfabetos não haverá desenvolvimento no Brasil.
E quanto a língua como escrita, devemos considerar a parte gramatical como uma parte da lingüística e não como um todo, já que a lingüística trata a língua como um todo e a parte escrita ( gramática ) é uma parte desta língua, não menos importante, mas uma parte apenas. No entanto, a sua importância é notória no que diz respeito ao conhecimento e crescimento individual e social de toda uma sociedade. Enfim, há de se saber a diferença entre fala e língua, mas também há de saber que tanto uma como outra são importantes para o desenvolvimento de toda uma sociedade.
O autor expõe os seguintes exemplos:
Lá em casa se lê muito.
Lá em casa se lê muito jornal.
O autor apresenta a noção de que esse SE não pode ser outra coisa, na função sintática das oração, de que não seja a de sujeito indeterminado. E que a única diferenciação entre as orações é a que na primeira o verbo é intransitivo e na segunda o verbo é transitivo direto, temos então, o jornal como objeto direto. Bagno julga, ainda “descabida” conceitos como “SE apassivador”, “passiva sintética”, “passiva pronominal”.
Bagno parte para exemplos cotidianos em que autores, jornalista e escritores não aplicam a regra normativa de concordância para uso do SE, como em:
“Num debate entre gente mais culta que eu, reclamei do primarismo com que se rotula os outros...” .
Seguindo suas evidencias o autor trata da questão dos velhos macetes empregados para se transformar uma passiva sintética em passiva analítica. E por meio de exemplos, mostra a total ilogicidade existente nesse processo
que é falho em algumas frase como em:
Quantos minutos se leva daqui até lá de carro?
Quantos minutos são levados daqui até lá de carro?
CAPÍTULO III
Desconstrução do Preconceito Lingüístico
O que hoje é considerado erro pode vir a ser perfeitamente aceito como certo no futuro da língua”, o que sendo inteiramente exato, não equivale a que todas mudança e variação sejam aceitáveis e devam ser admitidas sem mais critério do que a conscientização enunciada. Se a mudança e a varição decorrem, como no caso brasileiro, do analfabetismo, da escolarização, do desapego ao livro, da incúria, vale dizer, dos fatores evidentemente negativos que são a exclusão cultural e a negligência dos incluídos, então incorporar as alterações corresponde consagrar os frutos da ignorância, a nivelar o idioma por baixo, a degradá-lo, a retroceder. Por isto é falacioso pensar-se, como pensa o autor de “Preconceito lingüístico”, que falam os brasileiros tão bem quanto os portugueses, cada qual a sua modalidade de uso idiomático. Não: os brasileiros falam mal o idioma porque o desconhecem e quando o conhecem, negligenciam-no; os portugueses falam-no bem porque o conhecem e porque aplicam o conhecimento respectivo.
Enuncia-se a sexta proposição em “dar-se conta de que a língua portuguesa não vai nem bem, nem mal. Ela simplesmente VAI, isto é, segue seu rumo”.
É o mesmo que lançar-se uma embarcação ao mar, desprovida de bússola e de carta de marear e quando ela naufragasse, exclamar-se, com inteira resignação: “Ela não foi nem bem, nem mal. Ela simplesmente foi, isto é, seguiu o seu rumo.”
Que o vernáculo segue o seu rumo, é verdadeiro. O que não é absolutamente verdadeiro, é que as suas modificações sejam axiologicamente neutras ou indiferentes; que o ir, seja ir simplesmente, sem mais qualificativos, que o ir bem e o ir mal equivalham-se.
Aceitar o ditame em tela exige a mais cabal indiferença ética, um amoralismo completo, a indiferenciação entre o desejável e o indesejável, entre o louvável e o censurável, entre o bom e o mau.
A língua portuguesa vai, sem dúvida. Ela vai mal, muito mal para que se possa assistir Sem preocupação, sem alarme, sem angústia ao espetáculo grotesco das simplificações sucessivas que vem sofrendo, à multiplicação das gírias que substituem a cada momento um vocabulário cada vez mais restrito, aos americanismos que substituem a língua pura, ao empobrecimento da capacidade de expressão das pessoas, à redação inepta dos advogados mais jovens, aos universitários sub-letrados, à pecha de arrogância e de preciosismo irrogada a quem, na academia, busca alguma beleza estética. E ainda à preguiça de ler, de consultar o dicionário, de enunciar as frases fora da mediocridade ambiente.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Discordar de alguém, com que ele falar, desprezar-lhe o desempenho lingüístico, não lhe afeta absolutamente em nada o corpo, a mobilidade dos seus membros, o funcionamento dos seus sentidos. Concordo com a proposição, se por variedade lingüística entender-se um desempenho idiomático equivalente a outro ou a outros, desde que todos igualmente fiéis ao seu código normativo, em uma palavra, à sua gramática, a exemplo das construções “o cara foi em cana” e “ o indivíduo sofreu prisão” (não obstante o caráter vulgar da primeira, que pessoalmente evito) ou “parada de ônibus”e “paragem do auto-carro”, correntes, a primeira, no Brasil, e a segunda, além-mar. Em momento algum percebemos
visões estereotipadas e preconceituosas da língua e tampouco o conceito de certo x errado que enfatiza apenas a variedade culta e subestima as demais.“Respeitar”, na acepção em que o enunciado utiliza o verbo, corresponde a “ter por boa”, a “concordar com”, o que se harmoniza com o indiferentismo ético implícito na sexta cisão. Respeitar-se as variedades lingüísticas equivale, aí, a aceitar-se passivamente e sem nenhum critério, qualquer formulação idiomática, por mais avessa que seja a qualquer norma gramaticalmente consagrada. Afinal, a variedade a respeitar é a de “toda e qualquer pessoa”, o que torna toda e qualquer pessoa senhora do idioma e livre para conceber uma sua gramática pessoal, caprichosa e arbitrariamente.
Desrespeitar as variedades individuais, “a contrario”, conduziria à imposição do preconceito de quem adota certa variedade, sobre os adeptos de outra. Portanto, tudo vale e vale tudo, segundo o próprio livro afirma-o.
Que o respeito à variedade lingüística alheia possa reputar-se uma expressão do respeito à integridade espiritual do indivíduo, é concebível. Porém não
consigo atinar em que tal respeito importe ainda, como pretende o postulado sob análise, respeito à integridade física do ser humano, à sua incolumidade material.
REFERÊNCIAS
BAGNO, Marcos. Preconceito lingüístico. 49ª ed. São Paulo: Loyola, 1999.